vento,
- do Lat. ventu,
- s. m.,
- ar agitado por qualquer meio;
- Etienne N'Tsunda;
- fig.,
- Etienne N'Tsunda;
- flatulência;
- coisa rápida;
- ...
Habituado a jogar num clube que foi buscar o seu nome a gajos com perna de pau e pala no olho, o congolês sentiu o peso da camisola do Dragão. Não foi fácil partilhar o balneário com colossos do nível de Ronald Baroni e Walter Paz. Especialmente porque o peruano deixava constantemente a tampa da sanita levantada e o argentino tinha como banda preferida os Def Leppard.
Afectado por estes execráveis contratempos, o rendimento de Etienne sofreu. O Filho do Vento não passava afinal de uma tímida brisa. Sir Bobby viu-se confrontado com a hipótese da contratação via K7 audio enviada pelo ajudante de roupeiro do Orlando Pirates (cunhado de Etienne, advogado criminal de Zwane, e representante da Adidas no Zimbabwe) não ter sido 100% fiável.
"I don't perceebo it. Pelo sound, el jogadorr parcia good. Eu even disse ao Dmingas: primeira part...good. Segonda part...not good. Dmingas remate poste, should have been goal. Je suis très content.", afirmava Sir Bobby no seu português irrepreensível.
Na verdade, o clube não abandonou o método de utilizar a K7 audio como principal instrumento de prospecção, como atestam as posteriores contratações de Da Silva e Alejandro Diaz.
Porém, o Filho do Vento jogava como um Bastardo da Bola, chutando o esférico corpo estranho de uma forma tão inepta, que mais parecia estarmos a presenciar nova impagável incursão de Paulo Madeira a ponta-de-lança.
Eis que o clube das Antas, certo que N'Tsunda estaria ainda demasiado verde para passar de brisa a vendaval (com isto, não estamos a fazer nova incursão no precioso Mundo das piadas de flatulência - apesar da oportunidade acima oferecida pelo dicionário), decidiu cedê-lo à II Liga, por via de Penafiel e Académica, onde o africano brilhou como Manuel Subtil numa casa de banho da RTP.
Tal demonstração de força e irreverência não foi ignorada pelos primodivisionários, e o GD Chaves reabriu-lhe as portas do palco principal. Agora Etienne era um actor de sucesso, uma Floribella (sem alusão aos equipamentos alternativos do Benfica 07-08) no prime time da bola lusitana. Ao lado de Sabou, Matute e Ovidiu Cuc na frente de ataque flaviense, o Filho do Vento só poderia brilhar. E brilhou. Qual remate de Pavlin furando as redes adversárias, o fulgor do nosso herói era inigualável, e a sua velocidade destruía os laterais adversários como as três gajinhas do anúncio da netcabo destroem a paciência colectiva de um Povo.
Porém, a troca de Chaves pelo berço da Nação em 1998 revelou-se fatal para a carreira de Etienne, pois a sua convivência com David Paas seria conflituosa ao ponto de voltar a transformar a sua furacónica ventania num débil sopro de um franzino petiz. É que Paas jurava a pés juntos que Fangueiro era o jogador mais veloz do plantel vimaranense.
Com a autoestima devastada, o africano abandonou Portugal, apenas para regressar de forma inglória já no Séc. XXI para representar os secundários SC Freamunde e o outrora orgulhoso FC Famalicão, mas já era tarde. N'Tsunda era apenas uma anafada sombra de si mesmo. "Filho de Uma Lenta Deslocação de Ar"!!!, gritavam as bancadas nortenhas, apupando impiedosamente o ex-sorridente protégé de Sir Bobby.
"Ao menos se tivesse uma mega-mullet como a que o Rafal Grzelak exibirá em 2007...", murmurava o derrotado congolês parante a confirmação da inexorável marcha do tempo...